quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Sobre querer ser menos.



Eu preciso aprender a ser menos. Menos dramático, menos intenso, menos exagerado, menos sincero, menos leal, menos iludido. Alguém já desejou isso na vida? ser menos? Pois é, é estranho. Mas eu precisoNesse minuto, nesse segundo, alguém, por favor, me bloqueie o coração, me cale o pensamento, me dê uma droga forte para tranquilizar a alma, pois eu preciso, e preciso muito.Eu preciso diminuir o ritmo, abaixar o volume, andar na velocidade permitida, não atropelar quem chega, não tropeçar nos meus próprios pés. Eu preciso respirar. Me aperte o pause, me deixe em stand by, eu não dou conta do meu coração que quer muito. Eu preciso desatar o nó, eu preciso sentir menos, sonhar menos, amar menos, sofrer menos ainda. Aonde está a placa de PARE bem no meio da minha frase? Confesso: eu não consigo. Nada em mim pára, nada em mim é morno, nada é pouco, não existe sinal vermelho no meu caminho que se abre e me chama. E eu vou... Com o coração exposto, a poesia na mão, o sorriso e a dúvida, a coragem e o medo, mas vou. Não digo: "estou indo" ou  "daqui a pouco", nada tem hora a não ser agora. Ainda assim, só queria saber: Existe aí algum remedinho para não sentir? Existe alguma terapia, acupuntura, pedras orientais, cores ou aromas para me calar a alma e deixar mudo o pensamento?  Existe uma fórmula mágica que me deixe duro feito uma pedra? 

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Sobre a derrota.



Eu preciso falar, pois certa vez me disseram que falar salva. Mas e tudo que já foi deixado para dizer mais tarde? Como eu organizo essa bagunça sem derrubar as estantes? Como é que se coloca em palavras um sentimento que se acumulou tanto que não há nada para ser dito? Vou dizer que eu estou infeliz? Que, pior do que isso, tenho sido infeliz? Que, quando acabam as piadas, há um ser humano se sentindo terrivelmente sozinho aqui? Que estou inconsolável, sem ver motivo em nenhum dos meus movimentos?


Mas por trás desse ''piadista'' há um ser humano esgotado de tanta frieza. Um ser humano que oferece tudo o que tem sempre que pode, e até quando não tem, e até quando não pode, e de volta espera um pouco de paz, ou um sorriso sincero, ou um abra
ço forte, mas não encontra. As minhas feridas estão todas abertas e ninguém tem o menor pudor ao passar os dedos sujos nessas fendas, ou o menor trabalho de me ajudar a estancar o meu sangue: sou eu, mordendo o travesseiro, molhando o pano com álcool, desinfetando os cortes, gritando sozinho no chão do banheiro.

Eu agora tenho que aprender a viver com o que sobrou de mim: perdi a guerra. O perdedor nunca merece nenhum auxílio. O perdedor não merece sequer um olhar de pena (nem pena, o pior dos sentimentos!), sequer uma mão estendida. O perdedor tem apenas de pagar a conta, apagar a luz e fechar a porta atrás de si, fingindo que sobreviveu. E agora? O que eu faço? Continuo esperando? Ou apenas escrevo milhares de palavras sem nexo? Sem nexo e sem cor, apenas crendo que talvez escrever também salve. Pelo menos jamais poderão prender minha mão como me amordaçaram a boca, para não me ver gritando, cuspindo ódio, fogo e veneno.

Ela se apaixonou por outro alguém.




Juro que tentei escrever um texto, mas faltaram palavras, faltou força, faltou ar...faltou tudo, exceto algumas lágrimas sofridas e aquele aperto no coração.









Obs: Los Hermanos sempre tem uma música( ou duas, ou mais) que se encaixa em algum momento da minha vida, é esse um dos motivos de eu ser tão fã dessa banda.

sábado, 27 de outubro de 2012

Uma Pitada De Egoismo.

Certas coisas me deixam triste. E louco. Como pode a gente gostar de uma pessoa, ver que ela está chateada e ficar de braços cruzados? Como pode você perceber que o outro está te tratando diferente e ficar indiferente? Como pode a gente só olhar para o próprio umbigo e para as necessidades pessoais? Como pode a gente só pedir apoio, calma, paciência e compreensão e não dar nada em troca? Como pode a gente não se dar por inteiro, mas esperar que a outra pessoa esteja inteira? Hoje em dia é muito fácil querer, exigir, fazer questão que o outro nos enxergue. Difícil mesmo é se colocar no lugar do outro, tentar se ver de longe e analisar onde está o nosso erro. 

É muito fácil pedir, pedir, pedir. Difícil é se doar. Porque normalmente as pessoas têm a triste mania de jogar na cara: ''Fiz tal coisa por você''. Daí vira aquela agressão gratuita, aquela lavagem de roupa suja, aquela coisa feia e antipática que não combina com sentimento. Mas então eu me pergunto: será que tudo combina com sentimento? Claro que não. A gente não consegue ser bom o tempo inteiro. A gente não consegue deixar de lado as mágoas e seguir em frente. Tem coisa que alfineta, cutuca, aperta. E é preciso gritar, tirar, sair desse círculo vicioso e ruim.

Não é fácil. Mas também não é tão complicado assim. Basta querer. Basta sair daquele pedestal. Basta realmente se importar com o que faz. A gente pensa que é muito bacana e que faz o melhor que pode. Que bobagem. Nem sempre lutamos com força e com fé. Às vezes, a gente só deixa a vida nos levar, como se fosse um rio que leva pedaços de árvores e lixo. 

O ser humano é egoísta demais. Se preocupa com a própria vida e finge que se importa com os outros. Então eu questiono: será que eu me importo? Será que você se importa? Até onde você é capaz de ir? Que sacrifícios você é capaz de fazer? Você consegue, por algum momento, deixar de lado sua vida para se preocupar com a do outro? Pequenas doses de egoísmo são bem-vindas e essenciais para a sobrevivência. Mas não dá pra se embriagar: tudo que é demais faz mal.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

607 dias sem ela.



Eu preferiria não ter me apaixonado ou então ter quebrado a cara mas ter vivido isso de verdade, mas nada deu certo. Nada nasceu, não nela, nada foi vivido... Foi só ilusão, é só ilusão... Restou-me só imaginar como seria, o que eu faria, onde eu estaria. Já perdi a conta das vezes em que eu decidi esquecer ela e não consegui, as vezes em que eu prometi pra mim mesmo deixar ela de lado, as vezes em que eu matei ela dentro de mim e ela ressuscitou horas depois. Já perdi a conta de quantas mulheres usei pra esquecer aquela moça... Única, tão única. Mas eu não posso mais perder tanta vida por uma vida que não quer fazer parte da minha vida... E lá se vai mais uma promessa embutida numa frase bonita... E lá se vai mais um dia... Eu só não sei ate quando...






terça-feira, 23 de outubro de 2012

Os idiotas são mais felizes.





Idiotice é vital para a felicidade. Gente chata essa que só quer ser séria, profunda, visceral.  A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado do Schopenhauer? Deixe a pungência para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores. No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota. Ria dos próprios defeitos, tire sarro de suas inabilidades. Ignore o que o boçal do seu chefe proferiu. Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele. Pobre dele.

Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo, soluções sensatas, objetivos claramente traçados mas não consegue rir quando tropeça? Que sabe resolver uma crise familiar mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana? Sim, porque é bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí, o que elas farão se já não têm por que se desesperar? Em suma: desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. A realidade já é dura; piora se for densa. Dura e densa, ruim. Brincar, legal. Entendeu?

Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não se descontrolar, não demonstrar o que sente. É muito não. Dá pra ser feliz com tanto não? Pagar as contas, ser bem-sucedido, amar, ter filhos - tarefa brava. Piora, muito, com o peso de todos aqueles nãos. Tenha fé em uma coisa: dá certo ser adulto e idiota. Aliás, tudo fica bem mais fácil ser for regado a idiotice, bom humor. Manuel Bandeira foi um grande homem e um grande poeta. Disse certa vez: "E por que essa condenação da piada, como se a vida fosse só feita de momentos graves ou só nesses houvesse teor poético?" Estava certo. 
Adultos podem (e devem) contar piadas, ir ao fliperama, beliscar a bunda da mulher, sair pelados pela cozinha. Ser adulto não é perder os prazeres da vida - e esse é o único "não" aceitável.

Teste a teoria, uma semaninha, pra começar. Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que são: passageiras. A briga, a dívida, a dor, a raiva, tudinho vai passar, então pra que tanta gravidade? Já fez tudo o que podia para resolver o problema? Parou, chorou, pediu arrego? Ótimo, hora da idiotice: entre na Internet, jogue pebolim, coma um churrasco grego. Tá numas de empinar pipa no sábado? Vá. Quer conversar com sua namorada imitando o Pato Donald mas acha muito boçal? E é, mas e daí? Você realmente acha que ela vai gostar menos de você por isso? Ela não vai, tenha certeza. Só vai gostar mais, porque é delicioso estarmos com quem sorri e ri de si mesmo.

Eu fico chateado por não ser tão idiota quanto gostaria; tenho uma mania horrível de, sem querer, recair na seriedade. Então o mundo fica cinza e cada lágrima ganha o peso de uma bigorna. Nessas horas não preciso de testas franzidas de preocupação. Nessas horas tudo de que preciso é uma bela, grande e impagável idiotice. Como sair pra jogar paintball, ou conversar besteiras com uma pessoa idiota, tomar 2 litros de sorvete de flocos sozinho enquanto assisto os velhos episódios de ''chaves'' ou, melhor ainda, me olhar fixamente no espelho até notar como fico feio com os olhos vermelhos e o nariz escorrendo, como fico ridículo quando esqueço que tudo passa

terça-feira, 16 de outubro de 2012

A solidão nunca vai ser a melhor saída.



Acho estranho quando as pessoas dizem que se bastam, que são felizes sozinhas e não precisam dos outros para se sentirem felizes, bonitas e resolvidas. Entendo que elas querem afirmar que não são escravas da aprovação dos outros, mas questiono até isso, afinal somos seres sociais. A identidade psicológica de uma pessoa não é uma massa uniforme e estática, parece mais com uma colcha de retalhos de muitas visões que repousaram sobre ela no processo educacional e cultural. A pessoa é, resumindo, o resultado de uma soma: O que ela realmente é, o que ela acha que é e os que os outros acham que ela é. Os gênios e os crápulas são frutos de seu próprio tempo e não podemos descartar nenhuma influencia nesse sentido. Os psicóticos vivem numa realidade criada só por eles, e esses sim vivem com total autonomia psíquica, mas totalmente desenraizada da realidade comum e se tornam incapazes de comunicar, compartilhar e trocar experiências com os outros. Os náufragos atestam as sequelas do isolamento social, pois acabam  sendo corrompidos pela total impossibilidade de trocar experiências e expressar sua vitalidade. Eles não existem, apenas sobrevivem. As idéias precisam de dialogo para se formatarem e mesmo o sábio na montanha tem um interlocutor em potencial. É tão grande a necessidade de reciprocidade que os presos fechados na solitária entram em estado psicótico alucinando o diálogo com pessoas imaginárias, resquício de lembranças antigas. Essas experiências desmontam a aparente independência que muitos pregam. 





 Normalmente os que se dizem bem com a solidão são pessoas que se viram incapazes de estabelecer conexões significativas com uma outra pessoa, criaram um desdém e converteram a solidão involuntária em discurso panfletário pseudo-realizado. Se procurarmos no histórico pessoal veremos lances dolorosos de tentativas e erros amorosos. Tomaram um por todos e se fecharam numa racionalização maciça a ponto de convencerem  a si mesmas que caminham bem sozinhas. Se apoiam em parentes, amigos ou vizinhos, e em última instância , nos animais de estimação (incapazes de decepcionar uma personalidade tão idealista e sensível). Essa solidão é silenciosamente dolorosa por que falta uma intimidade específica de poder contar, ainda que isso seja um desejo irrealizável, com um comparsa emocional nos seus dias mais difíceis e nas alegrias mais profundas. Não que eu ache que devamos ter um relacionamento a qualquer custo, mas que é bem melhor ter alguém. O outro nos define, limita ou liberta, e cabe a nós decidir o que será… A solidão jamais será um antídoto para o sofrimento.

domingo, 14 de outubro de 2012

Sobre erros e o futuro




Ah! Que duplinha infeliz! Poderiam estar juntos agora, mas são muito tolos. Ele tem tudo o que ela quer: é engraçado, é legal, entende ela, a respeita, é carinhoso... Mas os genes pesam... Ela? Bem, acho que não preciso dizer o que ela é pra ele. Vamos então aos erros: Ela quer falar milhões de coisas, mas só consegue ficar calada. Eles poderiam andar lado a lado, mas ela prefere ficar acima, sentada num bolo de egoísmo e orgulho. Lembra da frase ‘’mas os genes pesam’’? Tá aí um grande erro: deixar de realizar seus desejos por causa de questões estéticas, e, pra piorar, não por vontade própria, e sim por influência de algumas amigas... Quanta tolice... E falando em amigas, eis aqui mais um erro: uma amiga dela é apaixonada por ele e por isso ela abriu mão de lutar por ele. O erro é saber que ele é apaixonado por ela e não por sua amiga e que ele nunca vai dar uma chance pra tal amiga... o erro é abrir mão da própria felicidade em detrimento da felicidade alheia...essa era a hora certa pra ficar montada num bolo de egoísmo. Ele também erra muito, pensa uma coisa e faz outra, nunca fala o que realmente quer falar, nunca tem tanta atitude na vida quanto tem nos sonhos, pensamentos ou textos...tantos encontros e desencontros,  tanta guerra e paz...mas, apesar de tudo, quem sabe num banquinho num lugar qualquer, talvez num baile de máscaras ou numa sala de estudos, tudo vai mudar...chamem de destino ou do que quiserem, o que importa é que no final vai ser ele e ela.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Além do que os olhos podem ver




E você espera o sinal abrir. Olha os carros, lembra da conta de celular que vence amanhã, lembra das provas de calculo... Nem reparou no muro grafitado na sua frente. Alguém, em algum momento, gastou algumas horas da sua vida pintando aquele muro. Escolheu as cores a dedo. Criou personagens. Chegou em cores. Mas você nem viu. Quando muito, reparou de relance que aquela esquina tinha mais cores do que o resto da cidade cinza. Não há nada de errado com a sua visão. De óculos, você nunca precisou na vida. Você vê muito bem. O problema está na forma como enxerga as coisas.
Sabe, tem uma grande diferença entre ver e enxergar. Você viu os doces na vitrine, mas não enxergou o coração detalhadamente feito pelas mãos habilidosas e precisas da confeiteira em cima do cupcake. Você viu seu colega de trabalho chegando, mas não enxergou que havia algo de errado com os olhos dele que brilhavam menos e traziam uma pequena bolsinha inchada na parte de baixo, coisa de quem chorou na noite passada. Você vê o cachorro atravessando a rua, mas não enxerga que ele é um ser que conversa com os olhos. Você vê o cara bonito e de roupa bacana conversando com você na balada, mas não enxerga que sua linguagem corporal e seus elogios entregam que ele só quer te comer e nada mais.
Esse é um dos motivos pelos quais muita gente diz que não encontra ninguém legal pra namorar. Num universo com tantos seres, pra todos os gostos, ela insiste em dizer que só encontra cafajestes. Talvez isso aconteça porque ela vê os homens, mas não os enxerga de verdade. Quem tem antena ligada e os sentidos abertos, fala com você e te escuta, mas, paralelamente, enxerga outras coisas. Repara no tom da sua voz e na ansiedade que vem junto com ela. Repara na sua dificuldade ou facilidade em fitá-los nos olhos. Repara no seu riso, se ele é verdadeiro ou não. Repara nas suas reações quando lança assuntos polêmicos. O externo, é só detalhe. O externo é mascarável. Você pode acordar no seu pior dia e tentar enganar o mundo colocando roupa nova, arrumando o cabelo, carregando na maquiagem. Quem somente vê, não percebe que há algo de errado. Os que vêem enxergando já sacam de cara que alguma coisa aconteceu com o seu ser.
Esse despertar dos sentidos traz mais mudanças do que você gostaria de acreditar. Você provavelmente dispensou dezenas de homens legais que se aproximaram  porque não conseguiu enxergar além do óbvio. Estava se achando a mulher madura e experiente e, bobinha, confiou nas armadilhas da sua mente. Mal se lembrou que a mente prega peças e analisa os fatos de acordo com a perspectiva dela. O coração vai muito além – ele ultrapassa a barreira do palpável, do racional, e capta aqueles sentimentos que a gente insiste em esconder. Coração tem visão translúcida pra máscaras – elas enganam a todos, menos a ele. Saint-Exupéry tentou nos ensinar isso quando disse que “Só se vê bem com o coração, pois o essencial é invisível aos olhos.” Com certeza você já leu essa frase antes, mas talvez não a tinha entendido direito – talvez porque tenha visto as palavras, mas não enxergado real seu significado. Tem gente que não entende e talvez, jamais entenderá. Mas não é com elas que a gente fala.