domingo, 27 de maio de 2018

A Lâmina fatídica e maligna da vida humana



Traição. Covardia. Deslealdade. Mentiras. O coração sangra. A alma chora. As cores somem. Os cheiros cessam. Os gostos amargam. As boas lembranças torturam. Porque as pessoas fazem o que fazem? Porque machucam alguém que só deseja o seu bem? Porque falam o que não querem falar? Porque fazem o que não querem fazer? Porque simulam? Porque se vitimam?

Depressão. Cigarros. Envelopes Tarja Preta. Vinho. Lâminas. Suicídio à beira do precipício. A traição é como uma lâmina negra coberta de veneno. Entra nas suas costas acertando em cheio esse músculo pulsante do lado esquerdo do peito. Rasga. Adoece. Apodrece. Enlouquece. Porque as pessoas traem? Porque as pessoas se comportam feito animais? Bárbaros civilizados. Sem dó, sem pena, sem pudor. Massacram o ser amado. Matam sorrisos. Matam os carinhos. Matam os planos. Matam o futuro. Matam o amor.

domingo, 20 de maio de 2018

O que fazer com a saudade?


Absolutamente nada.
Ela irá entrar pela porta da frente, sem convite. Sentar no seu sofá, vestindo suas roupas e com o controle da tevê nas mãos. E, em pouco tempo, será tão familiar que ficará até difícil pedir que se retire. Então você irá observá-la, petulante, enquanto ela cresce bem diante dos seus olhos, como um grande pão sendo fermentado, mesmo que você se recuse a alimentá-la. Saudade se retroalimenta, é autossuficiente como você gostaria de ser.
A saudade é ousada e indiferente, não se importa se você é um péssimo anfitrião, se não oferece um café, se não dispõe um travesseiro para os pés, se tenta – inutilmente – ignorar sua presença. De alguma forma inexplicável, a saudade sabe que você não pode com ela. Você também sabe. E vai deixando ela ficar enquanto torce para que o estrago não seja grande. E ela vai se espalhando pelas paredes, pelos móveis, em todos os cômodos, pelas tubulações de ar, deita na sua cama, toma conta de tudo...
Sufocante, ela te olha bem nos olhos, de forma profunda e penetrante, de forma a não te deixar esconder nada. Nesse momento preciso, vulnerável, você pede que ela se retire. Ela se recusa e se encosta em seu ombro. Você consegue sentir o cheiro dela, um nostálgico perfume de dias felizes, e sabe que precisa fazer algo a respeito, pois não quer chorar. E a saudade tenta te convencer a chorar, porque só então ela poderá te abraçar sem pedir permissão.
Você sabe que essa maldita inescrupulosa conseguiu exatamente o que queria: adormecer em seus braços, de forma pesada, penosa. A saudade sabe que venceu e você tenta enganar a si mesmo diante do espelho dizendo que um novo dia virá e que ela partirá, quem sabe para a casa de alguém que perdeu um familiar ou um ente querido, ou alguém que está longe da pessoa amada, ou uma criança qualquer que perdeu seu brinquedo favorito...
A saudade é onipresente. No dia seguinte você irá acordar e ela estará lá, deitado ao seu lado, e, antes de despertar totalmente, você sentirá suas mãos sujas apertarem seu peito e você berrará de dor – em silêncio – porque, como todos sabemos, a saudade é surda.

#REPOST (POSTAGEM ORIGINAL EM: http://northonferreira.blogspot.com.br/2014/01/o-que-fazer-com-saudade.html)





sábado, 19 de maio de 2018

MINDFULNESS


Atenção plena
Agora vejo quanto tempo foi perdido
Enquanto só pensava no passado e futuro
Enquanto só sentia dor, ódio e pena
Com a mente sã
Focado no agora
Consigo planejar o amanhã
E posso analisar a vida por outra ótica
Semáforos, árvores, prédios, pessoas, animais
Casas, pedras, montanhas, tsunamis, vitrais
Estava tudo aqui antes e eu não percebi
A cabeça a mil, enxurrada de sentimentos, quase esqueci de mim
Respiro, atento, concentro
Escaneio meu corpo
Modifico crenças
Mesmo que pouco a pouco
Revejo valores
E assim
Repenso amores
E lembro de mim.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

ALEXITIMIA



É sentir tudo e não saber expressar. Sentir e não saber como falar, como sorrir, como olhar, como fazer. É como ser adulto e se afogar numa piscina de crianças. É como ter 100 anos e não saber o que é a vida. É perder pessoas. É criar feridas. É como ser um porco-espinho. É perder oportunidades. É ver sonhos se esvaindo. É ganhar a desconfiança de pessoas amadas. É ser visto como um metal frio, rígido, oco, estático, insensível e imutável. É ter a certeza de ter algo e, ao mesmo tempo, não o ter. É sempre se atrasar no relógio da vida e, quando vê, já foi, já era, não tem volta, lá se foi mais uma pessoa, mais uma chance, mais um momento. Dói. Sim, dói. 

La Solitudine


Mais forte que o Popeye depois de uma boa dose de espinafre
Mais perigosa que um tubarão branco faminto
Mais dilacerante que uma espada samurai
Mais dolorosa que bater com o dedinho do pé na quina do criado-mudo
Mais triste que domingo sem praia
Amiga-irmã da depressão
Eis a solidão
A perseguidora dos poetas
Um Dementador de vidas
Assassina de sorrisos
Desafio do dia-a-dia
Eis a solidão
Mãe dos maus pensamentos
Eis a solidão
Mãe dos meus tormentos