sábado, 28 de julho de 2012

Pode Ir.

Eu juro que não consigo te entender, não sei o que você quer tanto comigo, porque insiste tanto em não me deixar em paz. Você me chuta mas me faz ficar ao seu redor e então você precisa de mim novamente quando você cai. E por isso ainda bato naquela velha tecla que diz que você me ama, é louca por mim, mas não sabe como me dizer isso e como assumir isso para duas ou três amigas suas. Sabe, eu fico mau-humorado e com uma certa decepção alheia quando uma garota não se rende quando já é tempo, quando todo mundo vê que ela está emaranhada no seu ''jogo de sedução'' e fica dissimulando, fazendo o outro perder tempo e paciência...
Existem tantas outras pessoas no mundo (mais umas 7 bilhões, mais ou menos, alem de você) e eu perdendo tanto tempo com você. E existem algumas dezenas que queriam estar no seu lugar, que queriam estar comigo, que queriam me fazer feliz. E foi exatamente o que aconteceu, depois que eu abri passagem, depois que eu parei de correr atras de você. Eu não sei se você queria que eu lutasse ou não, mas agora tanto faz. Sinto saudades, dói um pouco, mas estou mais interessado em qual será a primeira garota por quem vou me apaixonar, depois de você. Ando curioso e preciso saber. Quando há sol e você tem um monte de gente pra conversar, fica fácil de suportar e consigo por vezes até esquecer que você existe. O chato é pelas 19 horas, quando a noite vem.
''Acho que te devo um pedido de desculpas. É que nem eu mesmo gosto muito de mim, e fico meio assustado quando alguém me diz que consegue isso. É que você parecia minha amiga, só minha amiga. Você fala como uma amiga. Me cumprimenta como amiga. Me telefona e me convida para cinemas como uma amiga. Seu riso é de amiga. O seu abraço é de amiga. Mas eu devia ter desconfiado, seus cabelos sempre tiveram cheiro de namorada. Existe algo errado numa amizade quando o resto do mundo parece chato e nós os únicos legais.''...essa ja foi minha fala, mas hoje ja nem sei o que falar, nem sei se ''eu e você'' ainda tem algum futuro, se você vai tirar essa armadura, parar de bancar a durona, tampar os ouvidos para o mundo e ouvir seu coração...não, eu não vou mais voltar pra você sempre que você me chamar, não vou mais te pedir que fique.

Ex-Pierrô (Talvez outro conto de mau gosto)






Eu falhei. E não foi apenas nessa ou naquela coisa, deu tudo errado e tão errado que já nem sei se ainda estou no direito de ousar ter aspirações. aspirações...elas não me competem, não são pra mim, sequer me apetecem, me dão preguiça de vontade, sobretudo porque, de alguma forma, sinto que não sou mais digno delas. E às vezes me desespero tanto que é como se estivessem me estrangulando e eu não conseguisse soltar um berro.
Queria mesmo que uma bomba caísse por aqui e pusesse fim a esse viver desengonçado, trôpego e inútil, mas isso não vai acontecer, não permitiriam. Se fosse pra acabar com todo esse sofrimento de uma vez, eu mesmo teria que pôr as mãos na massa e fazer tudo sozinho, então seria mais fácil deixar de lado os planos de aniquilação em massa e me foder por conta própria, mas isso também não permitiriam.
Olhei através da janela e vi o tempinho enfadonho, cinza, com a chuva caindo indolente como tudo o que ocorre por aqui: devagar e enervante. E dói. Talvez seja isso o que, eventualmente, vai me levar à loucura. Sempre penso nessa coisa de sanidade, tentando desvendar os mistérios do limiar que separa a lucidez da maluquice total. Então fico imaginando se ainda não ensandeci ou se estou doido há muito tempo. A impressão que tenho é que, se a insensatez ainda não me dominou, ela é iminente e falta só pressionar aquele botão vermelho de emergência como os dos filmes, que servem tão somente pra solucionar qualquer problema que o roteiro não consegue fundamentar. É questão de apenas um empurrão pra eu mergulhar de cabeça no penhasco.
Senti o fastio da existência comprimida em um quarto e caminhei em direção à porta, minha visão se desfez e refez e então não era apenas uma única porta, mas duas. Cristo, como se já não bastasse o resto da vida, agora me pediam pra escolher entre duas malditas portas. Abri a da direita e um gorila de três metros ( o mundo) ameaçou saltar sobre mim, com dificuldade a fechei e permaneci olhando a outra porta com desconfiança. O que mais falta agora? Abri a da esquerda e estava escuro, não enxergava um palmo à frente do meu nariz, então hesitei. Porém, acabei dando alguns passos tateando o chão no breu. Cambaleei na beirada do fosso e caí resignado, porque a queda é livre e é inevitável.
Assim é a loucura: ela avança a passos largos com relativa discrição mesmo no momento que a precede. Quem sabe seja esse mesmo o meu destino, andar por aí babando pelos cantos da boca e esparramando minhas roupas e calçados pelo prédio, tocando campainha da casa de desconhecidos, cheio de pasta de dente na cara e xingando os outros, como tem feito a minha vizinha. Eu a invejo pela ausência de remorso e culpa, pela possibilidade de poder ser livre e genuína cem por cento do tempo e cagar em cima do resto. E todo o mundo sabe que o conhecimento que as pessoas têm da sua piração é diretamente proporcional ao quanto vão encher o seu saco. Portanto, a insanidade acaba se revelando, de uma maneira ou de outra, a absolvição.      
Não consigo precisar o tempo que demorei pra alcançar o chão do porão, no entanto, quando aconteceu, só houve um  barulho abafado como um grande saco de merda atingindo o solo de uma cavidade estreita, respingando o entorno e deixando um cheiro desagradável ali. Era só bosta quente e ossos quebrados. Era também a solidão absoluta. Foi quando percebi uma claridade intrusa que vinha de uma pequena passagem por onde eu deveria me rastejar para retornar ao ponto de partida. Tentei me mexer mas minhas pernas estavam quebradas tanto quanto podiam estar. Continuei estático, vencido e entregue como o bom perdedor que sempre fui, porque ali era também a paz e o sossego que me faltavam. Me ergui dias depois, me olhei no espelho e não vi um pingo de vergonha, me senti um lixo...eu tentei acabar com minha propria vida...como pode alguem fazer isso? como eu pensei em acabar com a minha vida por uma causa tão pequena? Tenho, e preciso, aprender a viver por mim, crescer por mim, mudar por mim, evoluir. Abri as janelas, olhei o ceu azul, sorri, dei bom dia ao vizinho, ao carteiro, ao entregador de jornal, coloquei ''Paixãozinha Demodê'' pra tocar, e me senti mais vivo ouvindo o cantor dizer ''veja so, meu bem, que dia bom pra ser feliz''...peguei o telefone, liguei pra minha mãe, pro meu pai, meus avos, alguns amigos, pessoas que realmente são importantes. ''Vou dar uma festa'', foi o que eu disse pra todos eles. "Qual o motivo da festa?'', a maioria me perguntou...o motivo...ah, o motivo...''a vida''...''estar vivo ja é motivo de festa''. Enfim, aprendi a viver.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Conversa de Portas Batidas.





Beijo na testa. E eu achando que ela não tinha desistido. Que não teria esquina nem curva nenhuma que me fizesse perdê-la de vista. Que não teria grito alto demais, arranhão de raiva ou choro no silêncio que a fizesse dar meia volta e ir embora. Ela não tinha força nos braços pra carregar a gente, e me carregar sem amor ardente. As mãos suadas e aquela premissa de que ela era realmente muito jovem. Dureza é voltar pra casa com os olhos vermelhos e contar pra minha mãe que ela tinha razão. Ela não saberia lidar com nada disso. É quando estabiliza, quando acontece a virada é que a gente descobre quanto vale o jogo. Ela veio com um zap, e eu só tinha uma espadilha de nada. Não dava pra lutar sozinho se o nosso truco é jogado pra dois. Não dava pra continuar quando a aposta é doze e ela abandona o jogo no meio. Pior é constatar que não era blefe e que a mão dela era leviana. Resultado: na testa.
Eu tenho um pouco de medo disso. Não, não é dela. É disso que a gente tem. Que me sufoca, mas não é um sufoco forçado. Bate junto com a angústia e parece que o peso do mundo amolece as minhas pernas e elas ficam bambas. Os braços ficam dormentes com a disritmia do coração. E eu sou só mais um desses meninos que se mascaram de fortes. Com músculos, um pouco de barba e um tanto de solidão pra dar charme. Mas é quando estabiliza que a gente entende o rosto. Não tem ruga nenhuma e dá pra perceber que a gente é muito novo ainda, tem muita coisa pra viver, e eu não sei lidar com as coisas quando elas saem do controle. A garganta fica seca quando eu percebo que as coisas estão indo por um caminho que eu não sei prever. Não tem mais aquela falta de ar, mas a atmosfera é leve com ela. Não precisa muito de pôr-do-sol pras coisas ficarem bem. E se eu perder tudo isso? Eu corro. Largo as cartas na mesa e vou sem nem olhar pra trás – porque se eu olhar, eu volto.


Você era o mundo pra mim, e decidiu não ser mais. Eu só queria um amor, e você queria o resto. Você queria pausar as coisas, e eu o controle remoto da TV. Você queria ter o controle, e eu me jogar de bungee jump. Você queria que eu ficasse, mas eu fui embora algumas vezes também. Você queria um final feliz, mas a gente só era feliz e eu resolvi não dar final. Eu só queria fugir e você queria misturar o meu discurso e me levar a algum lugar com nome e endereço conhecido. Você bateu a porta, mas eu também. Dava pra sentir a sua mão do outro lado da maçaneta – e por que você não me puxou? A gente girou junto e eu caí na minha cama, e eu também caí pra fora da vida. Eu fui crescer, mas você quis ficar. Quem é que vai substituir o seu rosto nas fotos do meu quarto? – e quem vai me mandar combinar o tênis com a bermuda direito? Eu vou correr, mas um dia eu volto. Se você voltar, eu corro. Bati a porta depois que você saiu, e não tem ''toc toc'' que me faça abrir de novo. Boa sorte com isso, e pra você também. Até mais, e eu te amo.
[E é nos desencontros da vida que a gente vê que uma cena qualquer é como o amor. Que não precisa ser bonita ou fazer sentido. Que não precisa ter motivo aparente ou fechar nas reticências. É nos diálogos entreportas, de portas batidas, de corações partidos que a gente vê que a maioria de nós quer a mesma coisa. Que a gente só quer um amor.]


domingo, 22 de julho de 2012

''Parafraseando'' Um Futuro Bom.

O que eu não te disse, nem poderia, é que eu sempre quis. Sei lá eu o quê, ninar você, te abraçar por trás na frente de todo o pessoal e te chamar de minha-garota, andar de mãos dadas, comer você puxando seus cabelos negros. O problema é que você sempre se fez de dificil, sempre preferiu dar prioridade para unas idiotas metidos que a gente vê por ai, sempre preferiu escutar conselhos errados de amigas erradas. Sabe, era preciso acontecer algo do tipo, era preciso eu estar numa cama de hospital com a saude pra lá de debilitada pra você poder cuidar de mim. Eu com febre e você me abraçando, me medicando, deitou do meu lado inocentemente com três centímetros quentes de separação, e eu, que nunca perco uma chance de me dar bem, não conseguia nem me mexer, ardendo em frio. Talvez eu tenha deixado escapar alguma coisa em pleno delírio da febre, porque na manhã seguinte você me olhava de um modo esquisito. Mas olhava. Olhava, olhava, olhava. Dócil, atrapalhada, dúbia, vacilante. Lembra quando adormeci com todos os meus braços e pernas e pesos em cima de você que estava encurralada querendo mijar? Lembra daquele beijo quente que parecia não ter fim? Acho que estava mesmo delirando...Você e seus filmes chatos com crianças sofrendo de leucemia no meio, bem-feito. Enfim: sós e assobiando. Sem aquela desculpa esfarrapada de “se melhorar estraga, acho melhor ficarmos na amizade, o que você acha?''. “Será que um dia você vai olhar pra mim sem querer algo mais?”, você me perguntou com uma cara de raiva mas ao mesmo tempo querendo que a resposta fosse ''não''. Agora estamos aqui, as pernas enroscadas e os corpos ensopados de suor.Depois de tanto drama, depois de tantas historias, tantos boatos, tanto charminho, tanta poesia, você foi pra cama comigo e descobriu ser a melhor coisa que você ja fez. Depois ficamos bolando um plano pra ninguém nos pegar, sem sair na rua há três dias, cheios de respostas fluorescentes e óbvias adesivadas nas paredes, tentando descobrir o que estamos fazendo afinal, se isso pelo qual estamos nos deixando levar é ópera de tão sério, diversão de carnaval, ou pleno e contraventor como um bom rock n' roll. Você admitindo que estava errada o tempo todo, eu confessando que sempre quis ter você na minha cama. Você me olhando como se eu fosse parte sua e eu vibrando de tanta felicidade. Enfim o amor venceu. Se ninguém nos perdoar, a gente se manda. Se você não suportar minha companhia, a gente se ajeita. Se isso nos matar do coração, a gente se assopra. Se for passageiro, a gente se poupa. Será que a gente consegue voltar a ser só amigos? Vamos encarar, nas entrelinhas tortas a gente nunca foi só isso. E se não for tudo que a gente espera? Sei lá, é muito tarde pra saber. Por que... Quanta pergunta, não sei, quero namorar você, te beijar sempre que quiser, te levar pra cama quando nos der vontade, ser feliz com você. Só quero dizer que você é minha coisa mais favorita do mundo. Só quero que você volte pra minha vida para continuarmos o que a gente começou. Sabe, a gente tem que aprender a deixar o coração falar, o tempo corre e se a gente se deixar esbarrar em qualquer obstaculo, se a gente seguir sempre o que o mundo fala e não o que pensamos, nunca seremos felizes.

Uma Nota De Decepção




Mais um castelo que se desmoronou. Irremediavelmente? Por pouco tempo? Não sei. E sinto-me magoado. Não, não me sinto magoado. O que há em mim é sobretudo desilusão, por pensar que conhecia os outros e julgar que nunca alguém seria capaz de chegar a este ponto crítico de falta de caráter e hombridade.
Estou profundamente decepcionado com a falta de coragem das pessoas, coragem pra serem sinceras umas com as outras, mas principalmente pela falta de coragem para entenderem e lutarem pelo o que elas sentem e acreditam.
Falta-lhes dignidade, sobra-lhes egoísmo. A mim falta olho crítico e me sobra compaixão, e são essas coisas que, combinadas entre si e em regra geral, nos fazem sentir assim da forma como estou agora... as malditas expectativas que se elevam sem uma justificativa racional.
E custa ver que ninguém vale a merda que caga, que as palavras não passam de dissimulações. Custa saber que acreditamos no que havíamos jurado não acreditar mais, por termos nos deixado levar pelo que prometemos resistir. E o pior de tudo é saber que estamos essencialmente desiludidos conosco pela nossa cegueira. Não sei como reagir a isso. A única coisa que tenho como certa, é tudo o que sinto. E isso, sinceramente, não ajuda mesmo em nada...

domingo, 15 de julho de 2012

Somos Quem Fazemos Ser.

Nunca entendi a aversão das pessoas à verdade, principalmente porque com ou sem ela continuamos um bando de idiotas. A diferença é que sem a verdade se é um idiota pretensioso e arrogante. Está bem ser um idiota à sua maneira, nisto não há problema algum - eu mesmo o sou - contanto que se assuma idiota ao invés de esconder atrás de frases retardadas e motivacionais para aparentar ser algo maior do que é. ''Ame o próximo'', ''seja pacífico'', ''faça o bem''...eles ladram por aí à medida que excluem, fingem, fofocam, enganam e dissimulam. E este é um recurso à altura de quem o pratica, coisa de gente pequena e pobre de espírito. Por isto, passei a admirar os idiotas convictos porque, apesar de tudo, eles têm algo próximo à coragem neles. E eu gosto de coragem. Ao passo em que a mentira sempre andou de mãos dadas com a covardia. É o medo desta qualquer coisa, que apenas quem mente sabe o que é, que motiva a farsa e, normalmente, se revela algo débil no final das contas. Afligir-se pela reação alheia é meio ridículo. Obviamente, se você disser que acha tal troço uma bosta, ninguém irá enfiar um pedaço de madeira no seu cu. Portanto, não há o que temer. Somos quem fazemos ser. Contudo, há quem opte pelo caminho mais fácil, que é sempre o que requer pouco esforço mental e implica seguir as regras seculares, ocupando o tempo de forma maníaca para não perceber a inutilidade das ações diárias e olha, esta realidade quando revelada pode levar à loucura. A fórmula é velha e simples: idiotização no lugar da histeria, logo, querendo ou não, torna todo mundo ainda pior. Zumbis conformados, dizendo amém e seguindo o fluxo pois falaram que era assim que tinha que ser. Não foi dada nenhuma justificativa plausível mas não se questiona absolutamente nada. E lá vem de novo aquele silêncio conivente e tão desagradável como a merda grudada na sola do sapato, seguido de sorrisos e gestos subservientes que inoculam o veneno contido neles. E então eles vêm com aquele papo de "você deve ser agradável sempre", sem apresentar nenhuma razão ou qualquer motivo lógico. Querem que você seja agradável sobre todas as coisas, amável até com uma pedra. Pois eu digo que esta gentileza despropositada é apenas outra mesquinhez social que alimenta comportamentos perversos entre cada um de nós. Incrível como conseguem passar o tempo todo sorrindo como debilóides, acenando mecanicamente, abraçando uns aos outros, de bem com a vida e, mesmo que estejam levando no rabo, continuam a sorrir, a acenar e se abraçar tão forçosamente que já não sei se isto é sadismo ou ambição extrema. O primordial é manter sempre seus narizes empinados e seus orgulhos intactos. Mesmo que raspem o cu com a unha para economizar papel higiênico, mesmo que sejam motivos de chacota, mesmo que sejam tapados e sem imaginação, nunca o reconhecerão, nunca dirão que é verdade, ao contrário, dirão que quem os questiona, mente. Dirão que quem está a expô-los não passa de um frustrado e amargurado. Esta é a gênese da escravidão mental. E como são medíocres. E pior do que medíocres, são fracos. Fracos de vontade, fracos de princípios, fracos de personalidade, fracos de caráter. Confesso que eu seria capaz de sentir pena se estas pessoas não me irritassem tanto.
Com um ponto de interrogação luminoso e insistente na cabeça, eu permanecia encarando o espaço do site aonde eu deveria dizer quem sou eu. Pra que serve essa palhaçada afinal? Quem me conhece sabe como sou e quem não me conhece direito acha que sabe o que eu sou, visto que estão continuamente atentos ao que somos e não ao quem somos. Pensei que deveria me por a escrever alguma coisa impactante desse naipe, mas também não sou bom nisso. A coisa se complicou porque sempre gostei de preencher as lacunas dizendo que sou esquisito pra caralho, quando o que me falta mesmo talvez seja talento. E talento pode ser substituído por compostura, paciência, doçura, beleza, lucidez, inteligência, dinheiro e outras palavras de merda na lista dos itens que me escaparam na vida. E escaparam sempre com a relevância de quando alguém muda a posição do maço de cigarros e eu não percebo, porque são pormenores importantes apenas pra um decorador. Coisa que não sou e que meio mundo pensa ser. Particularmente, nunca tive habilidade, competência e atenção pra detalhes, aliás, nunca os entendi e eles nunca se entenderam comigo. É como ouvir minha mãe dar ataque porque minhas roupas estão em cima da cama, é só um detalhe. Ou como ver gente que liga pro tênis que a outra pessoa usa, é só um detalhe. Detalhes são sempre absurdos. Normalmente funcionam como elos frágeis que alguns utilizam pra transferir seus preconceitos sigilosos a alguém posto que carregá-los sozinho é dificil, mas sempre esperando que esse alguém cumpra com maestria o papel que se designou arbitrariamente. É insano. E é também apenas outro detalhe por dentro dos detalhes, de aspecto podre e do qual se desvia os olhos pra conseguir ostentar a fisionomia despretensiosa de paisagem e depois agir como quem diz veja como sou indiferente e confio no meu taco, mesmo que na verdade não passe de um merdinha inseguro e passe a vida se borrando de medo. Sou um homem inflexível com gênio de cão, por isso nunca me dei bem com gente que se dedica a vender estereótipos sob o pretexto de detalhes e sempre bati de frente com quem tentou me empurrar essas demências goela abaixo. Mas, sobretudo, nunca tive um pingo de respeito por quem está comprando as idéias mais erradas o tempo todo porque tem receio de coisas insensatas. Seria melhor baixar as calças e ter uma diarréia em cima da letra de ''Metamorfose Ambulante'' de uma vez. Sumariamente, esse esforço pra ser aceito não passa de mera falta de argumento no momento em que não se consegue justificar as próprias escolhas. Um asno junta com uma dúzia de asnos pra convencionar uma dúzia de regrinhas pra apoiar suas decisões, outra dúzia de asnos vai passar a seguir e, sendo assim, a coisa irá crescer em uma progressão geométrica de razão doze. Isso é taxa de contaminação de uma peste bubônica.  
Os hábitos de quem acredita ser caso de vida ou morte se justificar o tempo todo, justificar todo o tempo qualquer coisa e simplesmente se vê incapaz de fazê-lo, são tão mecânicos e obsessivos que devem até causar LER. Não há razão de ser em tanto esforço prosseguido e repetido pra viver, principalmente se for pra existir de uma maneira tão sufocante, com as pessoas sentadas nos seus espaços minúsculos, todas reprimidas, vazias e assustadas mas ao mesmo tempo orgulhosas e satisfeitas por estarem assim. Eu espero morrer primeiro antes que isso se abata sobre mim.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Sem Você Não Tem Graça.



                            
Eu nunca disse pra você sair da minha vida, apenas disse que ''parece que sua vida não é a mesma sem mim''...mas a minha...a minha vida também não é a mesma sem você. O tempo parece estar sempre nublado, os segundos parecem demorar horas, os lugares não têm a mesma graça, as conversas com outras pessoas não são tão boas, as risadas, olhares, manias, perfeições e imperfeições não são tão interessantes. Não faz isso, não desaparece! Não é fácil achar alguém tão compativel comigo, como você,nessa cidade. Volta, me dá um sinal de vida, uma luz, me manda uma mensagem. Eu preciso do seu sorriso nem que seja com meros dois pontos e um parêntese [:)] numa conversa boba em um chat qualquer. Me liga, briga comigo, me xinga, diz que ''eu faço tudo errado sempre'', mas não some da minha vida!
    


Ainda sobre isso:

 http://letras.mus.br/natalie-imbruglia/1437670/traducao.html
 http://letras.mus.br/o-teatro-magico/1961129/
 http://letras.mus.br/identidade-falsa/1776412/
 http://letras.mus.br/identidade-falsa/sem-te-sentir/

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Coisas Que (Quase) Ninguém Pode Ver

Quase toda vez que sai está com alguém diferente, quase toda semana um garoto novo. Tantos ‘’pares’’, tantos beijos, tantos corpos, um carnaval. Ela parece tão feliz, tão de bem com a vida, tão bem estando numa ‘’carreira solo com participações especiais’’. Ela se sente o Máximo, com números de causar inveja em qualquer garota idiota (‘’peguei 41’’, ‘’uns 12 já se apaixonaram por mim’’, ‘’aqueles 8 estão afim de mim’’...). Mas existem algumas coisas que (quase) ninguém pode ver: Ela se sente obrigada a mostrar algo pra sociedade e algumas amigas vulgares, coisa de ‘’Maria vai com as outras’’, ela satisfaz o corpo mas o coração sofre, ela tem números grandes de conquistas mas nunca foi conquistada, tem um número zero de grande importância (nunca amou, nunca viveu um grande amor). Ela chora quase toda noite, sozinha no seu quarto de dormir, desejando viver um romance que dure mais que algumas horas, uma noite, alguns dias ou algumas semanas, desejando que esse carnaval se transforme num tango, numa valsa, desejando encontrar o Amor. E a solucão pra tanta dor disfarçada de felicidade é não fingir ser algo que não é somente pra agradar os outros, ser mais sincera consigo mesma, dar mais valor a quem se importa com você, ser menos egoista com seus sentimentos e com as outras pessoas, falar o que sente e expressar isso, deixar o orgulho de lado, correr atrás dos seus sonhos.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Ainda Resta Esperança

Houve um tempo em que acreditei em contos de fada, que idealizei histórias que pareciam ter saído de livros, com amores impossíveis capazes de transpor quaisquer barreiras. Eram verdades invioláveis. Também houve um tempo em que acreditei nas pessoas, na pureza dos seus corações e das tantas qualidades que elas podem ter quando querem. E já houve um tempo em que acreditei em mim, em que achava que conseguiria mudar o mundo e as mentalidades. Acreditei que seria sempre o mesmo: apaixonado, dedicado, sonhador. Falhei em tudo. Desiludi-me com o mundo, com as pessoas e, sobretudo, comigo mesmo. Não há contos de fada. Há somente mentiras, traições, desejos, dissimulações e paixões estéreis e superficiais que apenas consolam o nosso medo esmagador da solidão. E descobri que o mundo era absurdamente feio. Que aquelas pessoas capazes de coisas tão maravilhosas eram responsáveis por monstruosidades. Que sorrisos podem ser tão ocos quanto palavras de circunstância. Desencantei-me com tudo que vejo. Deixei de crer na perfeição das coisas que outrora julguei existir por aí escondidas. Deixei de me iludir com tudo o que antes julgava essencial. No fundo conheci a realidade das coisas. Vi que as coisas más são mais do que as boas. Que os valores são hipocrisias que disfarçam crises de consciência. Que há boas pessoas, que ainda acreditam ou querem acreditar mas que são esmagadas pela opressão desta sociedade descrente e decadente. Mas aquele sentimento esmagador, que nos faz acreditar que há coincidências tão fortes que não se podem dever à simples aleatoriedade do universo, que nos levam a pensar que há algo superior a nós que vai escrevendo por linhas tortas o nosso caminho e que há mesmo momentos e pessoas perfeitas. E este é um bom motivo para acreditar que ainda há coisas pelas quais vale a pena continuar a continuar a viver. Existem pequenos detalhes que se destacam e se diferenciam de todo o resto, e nos mostram que ''felicidade é só questão de ser''.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Perdidamente Apaixonado ou Apaixonadamente Perdido?

Hoje eu sonhei com você e percebi que te sinto mais perto, mais dentro de mim. Você diz que eu não devo me apaixonar por você. Mas como é possivel? Você me faz tão bem, com seu jeito todo atrapalhado e tão patico quanto o meu, com seu cheiro de infância, carinho e desejo, com seus sinais que me fazem querer procurar mais sinais. Tenho um pé atras, talvez um e meio, pois penso ser como o filme que assisti antes desse, ''A historia da gueixa'', mas, ao mesmo tempo, sinto ser algo diferente. Mesmo assim, me arrisco, te dou dicas, quase soletro pra você o que estou sentindo, e depois recuo. Mas a verdade, e que quase não consigo mais disfarçar, é que me apaixonei e não sei o que fazer.

Aqueles Malditos Olhos Castanhos

Fora sempre o tédio rançoso que me conduzira ao bar, ao copo, ao degradante, às conversas reticentes ("o que tem feito?", "como vai a sua vida?"...eram pretextos, não queriam saber o que eu andava fazendo, tampouco como minha vida estava, caso contrário, dariam-me tempo para discorrer amplamente sobre estas questões ao invés de mudarem subitamente o rumo do papo de uma maneira até histérica, faziam isto apenas para seguir o que manda o figurino da sociabilidade. Eu retribuía com equivalente reticência, e também dizia de pretextos escarrados porque, afinal, as suas vidas, profundamente, não me interessavam nem de longe. É preciso cumprir o cronograma da simpatia débil e despropositada. Mas isto é apenas o tipo de besteira à toa que costuma circular na minha cabeça. Foi então que, num lampejo corriqueiro de vida que pulsa por dentro e por fora, deparei-me com aqueles olhos doces olhos.
Observe, todo escritor, competente ou não, encontra para si, inevitavelmente, porque uma hora há de acontecer, aquela pessoa inexplicável e ela se torna um objeto de adoração porque tem uma coisa qualquer de entidade com aspirações místicas; de personificação do que é a síntese do absurdo ou beleza da existência; do ideal dos sentimentos que gostaria de sentir profundamente e que se concretizam em linhas de delírio lascivo e desejo voraz; porque tem aquele ''quê'' da visão sublime que ele vasculha incansavelmente no mundo, remexendo em toda a merda fétida, até encontrá-la, para conseguir realizar as pequenas ações mecânicas diárias. E a imagem daqueles olhos doces e ingênuos não me saía da cabeça. A meiguice contrastava com seu tipo atrapalhado e nem tão feminino . Mas aqueles olhos doces não me saíam da cabeça. Poderia me perder por séculos no sabor deles e me tornar o senhor do tempo numa eternidade de dois segundos.
Posso começar contando como tivera sido excitante a brevidade do encontro do meu braço com o braço  dela, ou sobre como fiquei involuntariamente corado, ou sobre como a desprezava, acima de tudo, como desprezava o estereótipo que ele representava, ou sobre como desprezava a mim mesmo por me sentir perturbado, ou sobre como eu desprezava a maneira que eu me comportava quando a sujeita se dirigia a mim, respondendo laconicamente como quem não se interessa, querendo enfiar meu focinho envergonhado na terra. Este sou eu, um amante ousado e descarado e, ao mesmo tempo, tão timido.
E então de que me adiantavam, portanto, o álcool, os cigarros, outras mulheres, o mundo, a puta da vida, se não tinha aqueles olhos doces? Poderia delirar sobre eles, por eles, porém nunca os teria porque, como se diz, ela era muita areia pro meu fusquinha ultrapassado. E, no entanto, ainda assim, a imagem inquietante daqueles olhos doces e ingênuos persistia na minha cabeça. Eu odiava aqueles doces olhos castanhos. Eu a odiava.