Houve um tempo em que acreditei em contos de fada, que idealizei histórias que pareciam ter saído de livros, com amores impossíveis capazes de transpor quaisquer barreiras. Eram verdades invioláveis. Também houve um tempo em que acreditei nas pessoas, na pureza dos seus corações e das tantas qualidades que elas podem ter quando querem. E já houve um tempo em que acreditei em mim, em que achava que conseguiria mudar o mundo e as mentalidades. Acreditei que seria sempre o mesmo: apaixonado, dedicado, sonhador. Falhei em tudo.
Desiludi-me com o mundo, com as pessoas e, sobretudo, comigo mesmo.
Não há contos de fada. Há somente mentiras, traições, desejos, dissimulações e paixões estéreis e superficiais que apenas consolam o nosso medo esmagador da solidão. E descobri que o mundo era absurdamente feio. Que aquelas pessoas capazes de coisas tão maravilhosas eram responsáveis por monstruosidades. Que sorrisos podem ser tão ocos quanto palavras de circunstância. Desencantei-me com tudo que vejo. Deixei de crer na perfeição das coisas que outrora julguei existir por aí escondidas. Deixei de me iludir com tudo o que antes julgava essencial.
No fundo conheci a realidade das coisas. Vi que as coisas más são mais do que as boas. Que os valores são hipocrisias que disfarçam crises de consciência. Que há boas pessoas, que ainda acreditam ou querem acreditar mas que são esmagadas pela opressão desta sociedade descrente e decadente.
Mas aquele sentimento esmagador, que nos faz acreditar que há coincidências tão fortes que não se podem dever à simples aleatoriedade do universo, que nos levam a pensar que há algo superior a nós que vai escrevendo por linhas tortas o nosso caminho e que há mesmo momentos e pessoas perfeitas. E este é um bom motivo para acreditar que ainda há coisas pelas quais vale a pena continuar a continuar a viver. Existem pequenos detalhes que se destacam e se diferenciam de todo o resto, e nos mostram que ''felicidade é só questão de ser''.
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