O que eu não te disse, nem poderia, é que eu sempre quis. Sei lá eu o quê, ninar você, te abraçar por trás na frente de todo o pessoal e te chamar de minha-garota, andar de mãos dadas, comer você puxando seus cabelos negros. O problema é que você sempre se fez de dificil, sempre preferiu dar prioridade para unas idiotas metidos que a gente vê por ai, sempre preferiu escutar conselhos errados de amigas erradas. Sabe, era preciso acontecer algo do tipo, era preciso eu estar numa cama de hospital com a saude pra lá de debilitada pra você poder cuidar de mim. Eu com febre e você me abraçando, me medicando, deitou do meu lado inocentemente com três centímetros quentes de separação, e eu, que nunca perco uma chance de me dar bem, não conseguia nem me mexer, ardendo em frio. Talvez eu tenha deixado escapar alguma coisa em pleno delírio da febre, porque na manhã seguinte você me olhava de um modo esquisito. Mas olhava. Olhava, olhava, olhava. Dócil, atrapalhada, dúbia, vacilante. Lembra quando adormeci com todos os meus braços e pernas e pesos em cima de você que estava encurralada querendo mijar? Lembra daquele beijo quente que parecia não ter fim? Acho que estava mesmo delirando...Você e seus filmes chatos com crianças sofrendo de leucemia no meio, bem-feito. Enfim: sós e assobiando. Sem aquela desculpa esfarrapada de “se melhorar estraga, acho melhor ficarmos na amizade, o que você acha?''. “Será que um dia você vai olhar pra mim sem querer algo mais?”, você me perguntou com uma cara de raiva mas ao mesmo tempo querendo que a resposta fosse ''não''. Agora estamos aqui, as pernas enroscadas e os corpos ensopados de suor.Depois de tanto drama, depois de tantas historias, tantos boatos, tanto charminho, tanta poesia, você foi pra cama comigo e descobriu ser a melhor coisa que você ja fez. Depois ficamos bolando um plano pra ninguém nos pegar, sem sair na rua há três dias, cheios de respostas fluorescentes e óbvias adesivadas nas paredes, tentando descobrir o que estamos fazendo afinal, se isso pelo qual estamos nos deixando levar é ópera de tão sério, diversão de carnaval, ou pleno e contraventor como um bom rock n' roll. Você admitindo que estava errada o tempo todo, eu confessando que sempre quis ter você na minha cama. Você me olhando como se eu fosse parte sua e eu vibrando de tanta felicidade. Enfim o amor venceu. Se ninguém nos perdoar, a gente se manda. Se você não suportar minha companhia, a gente se ajeita. Se isso nos matar do coração, a gente se assopra. Se for passageiro, a gente se poupa. Será que a gente consegue voltar a ser só amigos? Vamos encarar, nas entrelinhas tortas a gente nunca foi só isso. E se não for tudo que a gente espera? Sei lá, é muito tarde pra saber. Por que... Quanta pergunta, não sei, quero namorar você, te beijar sempre que quiser, te levar pra cama quando nos der vontade, ser feliz com você. Só quero dizer que você é minha coisa mais favorita do mundo. Só quero que você volte pra minha vida para continuarmos o que a gente começou. Sabe, a gente tem que aprender a deixar o coração falar, o tempo corre e se a gente se deixar esbarrar em qualquer obstaculo, se a gente seguir sempre o que o mundo fala e não o que pensamos, nunca seremos felizes.
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