Não se fazem mais relacionamentos como antigamente: nisso a minha querida vozinha tem toda a razão. Temos mais companheiros de bar do que amigos, mais fotos com filtros bacanas no Instagram do que momentos verdadeiramente especiais, e mais sexo casual do que relacionamento sincero. Até aí tudo bem. Tem muitas coisas nessa geração que, convenhamos, não caem nada mal.
O que chama atenção nisso tudo é a necessidade que a maioria dessas pessoas tem de se auto afirmar independentes e desapegados. A facilidade com que se nega os sentimentos verdadeiros soa falsa na medida em que essas mesmas pessoas se revelam cada vez mais carentes.
Lamentavelmente, parece que não estamos lidando com uma geração de solteiros felizes, satisfeitos com suas fotos de garrafas de vodka na internet. Não se trata de pessoas que não se importam com a ligação (ou falta de) do dia seguinte. Todo mundo parece livre, feliz e bem relacionado. No termo imortalizado por essa geração: parecem desapegados. Mas não são.
A moça que posta foto “no barzinho com as lindas” é a mesma que liga pro ex depois de algumas doses. O moço que diz que nunca vai “usar as algemas” é – muitas vezes – o mesmo que espera uma mulher bacana com quem possa ter dois filhos e um cachorro numa casa grande. Isso não significa que todo mundo sonha em se casar (até por que relacionamentos sinceros não necessariamente precisam ser provenientes de casamento), mas o fato é que todo mundo precisa de amor.
Beber vodka é bom; Sair com as amigas é bom; Carnaval solteiro é bom (e bota bom nisso) – mas todo mundo precisa de um pouco de apego. Todo mundo precisa de amigos que liguem na segunda-feira, de companheiros com quem contar depois que a farra termina.
Somos, na verdade, tão cobrados pela perfeição, que sentimos uma necessidade quase irracional de demonstrar que nos bastamos. Que somos fortes e coisa e tal. Mas a grande verdade é que a geração do desapego não consegue se valer. Ela vai se escorando nas garrafas de vodka, se arrastando pelas baladas da vida com o coração vazio e um incômodo triste causado pela ditadura da independência (por mais paradoxal que isso pareça).
É uma geração vitimada por regras cruéis que a modernidade extrema nos trouxe – por que nada pode ser mais cruel do que uma regra que diz que é proibido amar. É proibido se importar, sob pena de sermos massacrados pelo desapego alheio. A tristeza nisso tudo é que essa geração perde a melhor coisa da vida que é amar de verdade. Entregar-se, sentir, arriscar-se a levar um pé na bunda ou uma queda feia. Em outras palavras: Apegar-se.
Por Nathalie Macedo em: http://www.casalsemvergonha.com.br/2014/02/05/a-verdade-sobre-a-geracao-do-desapego/
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