segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Sobre amores que deixam marcas


Talvez eu encontre você no final de uma segunda-feira nublada, na volta pra casa, meio cansado e mal-humorado, enquanto tento entender por que a vida não pode ser feita de manhãs de domingos. E talvez você sorria, sincera, porque tudo já vai ter passado, como sempre passa.
Talvez eu não me lembre direito por que você deixou de fazer sentido pra mim. E talvez você, ali, naqueles poucos segundos em que nossos olhares vão se encontrar, se questione por que raios foi que a gente não deu certo. Por que foi que o nosso amor não vingou.
Quem sabe eu fique amigo de uma de suas colegas de trabalho e saiba por ela que você ainda pergunta sobre mim de vez em quando. Porque, apesar de tudo o que foi gritado, você ainda lembra que curtiu muito os dias comigo. E é normal a gente querer saber se quem um dia a gente amou anda feliz, anda bem, se tá vivo. Talvez eu também arranje coragem pra contar pra ela que, entre o ódio e o desprezo que eu senti, sobrou também um tiquinho de carinho.
Pode ser que a gente se esbarre no aeroporto, eu partindo e você chegando. E aí talvez a gente perceba que nosso problema não foi sermos “as pessoas erradas”, foi só falta de timing. Eu tava sempre indo e você já tinha voltado. Eu ainda tava te amando e pra você já tinha acabado.
Talvez bata uma saudade louca no final do seu próximo relacionamento. E talvez eu tenha vontade de te ligar no dia do seu aniversário, como tive ontem. Quem sabe até eu não ligo. Não é pra pedir pra voltar, eu juro. Talvez eu apenas te deseje um futuro feliz.
Pode ser que, entre meia-noite e uma da manhã, você feche os olhos e se lembre de mim. E talvez doa (também dói por aqui) ou talvez você só sorria (é bom saber que a gente viveu tudo aquilo, não é?). Porque, talvez, lembrando de mim como eu me lembrei de você pra escrever isto aqui, a gente descubra que alguns amores marcam e ficam. Ainda que acabem. Como o nosso ficou.

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