Como uma boa Ariana, ela era dotada de muita honestidade
e sensualidade. Tipo a musa do Djonga em “Tipo”. Com um andar bonito e um
brilho no olhar, como descreveu Seu Jorge. Amor e caos. Romance e putaria.
Muito Banho de Sol, como na música do Baco. Eu gostava tanto de vê-la sorrindo,
como o Caetano gosta de ver o Leãozinho. Ela era a Padmé e eu o Anakin. Eram
tempos de luz, felicidade e descobertas. Eu sentia que eu era o Cristóvão
Colombo, na Millennium Falcon, conhecendo uma nova Galáxia. Eu falava sobre ela
para o mundo de uma forma que a Via Láctea parecia algo pequeno e sem graça.
Como em toda relação, houve uma onda de desventuras em
série. Eu errei. Ela errou. Mas eu nunca desisti. Lutei, corri mais que a Lola
Run, suei, suei, suei. Só Deus sabe quantas vezes morri por aquela morena. Eu
dei tudo de mim, porque pensei que ela também daria. Mas, como uma boa Ariana, ela
também era dotada de impulsividade e impaciência. Com uma melhor “amiga” bastante
cancerígena ao seu lado, o final da história já estava traçado. Me diga, quem
termina uma longa relação via Whatsapp? Muita ingratidão, imaturidade,
desrespeito. Com certeza, Dostoiévski ou Machado de Assis a aconselhariam
melhor. Mas, no fim, quem toma a decisão de ficar ou partir?
Eu implorei, “don´t be cruel”, como fez o Elvis
Presley. A resposta foi amarga Qui nem Jiló. Por meses tudo foi difícil e
triste. Dava pra ver o tempo ruir, como no Oceano de Djavan. Descobri que havia
um alçapão abaixo do fundo do meu poço. Senti na pele um melodrama que só havia
visto em filmes cults, no estilo “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”. Mergulhei
numa profunda letargia.
Um branco, um xis, um zero. Não dá pra viver só de lembranças
do que foi bom, não dá pra parar o relógio ou voltar no tempo. Me reergui. Me
cuidei. Me curei. Meu samba de roda voltou a ter graça. O Flamengo é o campeão
da América. Sou mestre, serei doutor. Atenção plena. Estou mais forte, são e
lúcido. Atento, sagaz e astuto. Sigo invicto igual àquela do Filipe Ret. Estou
pronto para um novo amor. Seguirei sempre sendo aquele que ama. E esse texto
cheio de referências difíceis de entender é simplesmente pra dizer: Adeus,
Ariana!
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