quinta-feira, 5 de março de 2020

Adeus, Ariana.


Como uma boa Ariana, ela era dotada de muita honestidade e sensualidade. Tipo a musa do Djonga em “Tipo”. Com um andar bonito e um brilho no olhar, como descreveu Seu Jorge. Amor e caos. Romance e putaria. Muito Banho de Sol, como na música do Baco. Eu gostava tanto de vê-la sorrindo, como o Caetano gosta de ver o Leãozinho. Ela era a Padmé e eu o Anakin. Eram tempos de luz, felicidade e descobertas. Eu sentia que eu era o Cristóvão Colombo, na Millennium Falcon, conhecendo uma nova Galáxia. Eu falava sobre ela para o mundo de uma forma que a Via Láctea parecia algo pequeno e sem graça.
Como em toda relação, houve uma onda de desventuras em série. Eu errei. Ela errou. Mas eu nunca desisti. Lutei, corri mais que a Lola Run, suei, suei, suei. Só Deus sabe quantas vezes morri por aquela morena. Eu dei tudo de mim, porque pensei que ela também daria. Mas, como uma boa Ariana, ela também era dotada de impulsividade e impaciência. Com uma melhor “amiga” bastante cancerígena ao seu lado, o final da história já estava traçado. Me diga, quem termina uma longa relação via Whatsapp? Muita ingratidão, imaturidade, desrespeito. Com certeza, Dostoiévski ou Machado de Assis a aconselhariam melhor. Mas, no fim, quem toma a decisão de ficar ou partir?
Eu implorei, “don´t be cruel”, como fez o Elvis Presley. A resposta foi amarga Qui nem Jiló. Por meses tudo foi difícil e triste. Dava pra ver o tempo ruir, como no Oceano de Djavan. Descobri que havia um alçapão abaixo do fundo do meu poço. Senti na pele um melodrama que só havia visto em filmes cults, no estilo “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”. Mergulhei numa profunda letargia.
Um branco, um xis, um zero. Não dá pra viver só de lembranças do que foi bom, não dá pra parar o relógio ou voltar no tempo. Me reergui. Me cuidei. Me curei. Meu samba de roda voltou a ter graça. O Flamengo é o campeão da América. Sou mestre, serei doutor. Atenção plena. Estou mais forte, são e lúcido. Atento, sagaz e astuto. Sigo invicto igual àquela do Filipe Ret. Estou pronto para um novo amor. Seguirei sempre sendo aquele que ama. E esse texto cheio de referências difíceis de entender é simplesmente pra dizer: Adeus, Ariana!

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