O
status do whatsapp dela diz: “Ou você soma, ou você some” e na capa do grupo
das amigas a foto do abdômen mais trincado que pode existir. Logo pela manhã
ela leu as “10 coisas que um homem para casar precisa ter”, já ele, enquanto
perambula pelo “adote um cara”, resolveu mandar uma piada sobre ex-namoradas no
grupo dos amigos. Ela é interessante, ele também é, não é a toa que combinaram
um jantar. Mas quando seencontram, nada flui.
Claramente algo está errado.
Eles
não perceberam ainda, mas a era dos relacionamentos leves está acabando.
É
complexo. Dê uma flor hoje em dia e você está sendo afobado, queira pagar pelo
jantar e temos um machista retrógrado. Todos desconfiam de tudo. Estamos nesse
campo de batalha chamado “você não presta”, armados até os dentes de “esse
filme eu já vi”. É como se todos tivessem criado o dom de identificar
facilmente os canalhas e as fúteis, mas não se aproximaram nenhum passo sequer
da maturidade emocional. Ninguém de fato está preocupado em ser melhor, ou em
criar consciência. Todos só têm argumentos.
Minha
geração é a menos paciente, flexível e amorosa de todas. Não confia, ou se
apaixona cegamente mais, não antes de vasculhar os amigos em comum. A geração
especialista em achar pelo em ovo anseia pelas agulhas do palheiro, mas quando
as encontra, não tem nada para costurar.
Eu
me pergunto se as pessoas deveriam ser tão entendidas assim sobre o que julgam
não querer. Talvez a menina das “10 coisas que o homem pra casar precisa ter”
jamais as encontre em alguém, mas, caso se permitisse, encontraria outras 100
qualidades ou mais. Na mutação dos gostos, sentimentos e opiniões, não correr
atrás do que parece perfeito, mas do que faz bem, é quase um ato de heroísmo.
Mas para isso, no “soma ou some” da vida, a soma ainda precisa ser uma operação
entre dois.
Por Celio Heitor Sordi em: https://www.facebook.com/acopy.me?fref=ts
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